sábado, 12 de janeiro de 2013

Já é tarde e o ponteiro do relógio parece se arrastar. Amanhã acordo cedo, mas o meu corpo parece não entender isso. Não encontro uma posição na cama, o edredom parece quente demais. Tudo parece fora do lugar. Meus olhos não obedecem aos meus comandos, meus pensamentos voam tão longe que me levanto da cama para buscá-los. Eu preciso transformar em palavras tudo isso, mas eu não consigo falar e até escrever está sendo uma tarefa árdua. Não me venha falar que os meus textos são tristes. Não é fácil falar de coisas felizes quando são 2:35 da manhã e se está ouvindo Cannonball do Damien Rice.
“There’s still a little bit of you laced with my doubt, It’s still a little hard to say what’s going on”.
Sábias palavras. Eu não sei dizer o que está acontecendo, e se soubesse, não diria. É como uma canção. Apenas feche os olhos e sinta. Sinta toda essa bagunça te tirar o sono. Sinta essas palavras presas que estão deixando todo o meu caderno rabiscado e rasurado. Não sei o que dizer e isso me irrita. São mais de 30 minutos olhando para essa folha em branco, decidindo se escrevo o seu nome ou se faço um bonequinho de forca com a sua cabeça degolada. A música já acabou, recomeçou, mudou. Meu coração já bateu umas 100 vezes, uma melodia arrastada. Mas a cabeça ainda continua no mesmo lugar, com as mesmas palavras martelando. Eu preferia que você tivesse sido rude comigo ou que tivesse gritado. Mas você foi doce. E eu te odeio por isso. Te odeio por tudo isso e todas as outras coisas também. Sei que isso não vai durar a vida inteira, no máximo uma noite como boa tonta que sou. Não sei mais o que escrever e vou terminar esse texto na mesma bagunça em que me encontro. Talvez se eu virar pro outro lado da cama ou se eu me enrolar só até a metade. Talvez se eu parar de ouvir essas músicas. Talvez se eu apagar a última mensagem que você me mandou ou pelo menos parar de ler repetidamente essa porcaria, procurando nas entrelinhas alguma brecha, uma palavra escondida, um pedido de desculpas, uma boa razão pra tudo isso. Mas eu não vou achar. Melhor deixar pra lá, melhor fechar os olhos e imaginar outro mundo, outro lugar. Sei fazer isso, 1, 2, 3 e já. 


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